A Questão Sucessória – Era Vargas (Revolução de 1930)
A campanha sucessória para o quadriênio 1930/1934 rompeu a monotonia das campanas presidenciais passadas. Tornara-se procedimento político consagrado a escolha do sucessor governista se realizar mediante o consenso entre as lideranças republicanas dos Estados. Revezando presidentes de origens paulista e mineira, as elites brasileiras asseguram a defesa dos interesses econômicos dominantes na República café-com-leite ao mesmo tempo em que preservavam a base de sustentação do poder de oligarcas e coronéis em respectivos Estados.
A inesperada decisão tomada por Washington Luís de indicar para sua sucessão na presidência da república seu correligionário do Partido Republicano Paulista (PRP), o líder da maioria no Congresso e ex-presidente de São Paulo Júlio Prestes, violava assim a tradição que determinava um representante de Minas Gerais. Aparentemente, a indicação derivava da ideia de Washington Luís de que Júlio Prestes era o candidato mais habilitado a dar seguimento à sua política econômica de austeridade e de controle de recursos destinados ao setor cafeeiro.
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, presidente de Minas Gerais, era o candidato, segundo as regras até então vigentes no jogo político. Sua candidatura já vinha sendo preparada em Minas e ele se empenhava em se aproximar do eleitorado prometendo progresso e reformas, quando é surpreendido pela decisão de Washington Luís de apresentar a candidatura de Júlio Prestes.
Lançava-se, portanto, um desafio à capacidade das elites dirigentes brasileiras conservarem sua coesão. E esse desafio logo foi respondido com a dissidência que somada aos efeitos corrosivos da crise econômica mundial, resultou na formação da Aliança Liberal e numa grande disputa eleitoral.