O Processo Conspiratório – Era Vargas (Revolução de 1930)
O resultado das eleições quedou as lideranças da Aliança Liberal, que, através da declaração de Borges de Medeiros à imprensa, afirmavam reconhecer o resultado das urnas, mas não sua ala mais radical, que levantou suspeitas acerca da lisura da apuração do pleito, embora Getúlio Vargas tivesse obtido 298.000 votos em seu Estado, contra apenas 982 atribuídos a Júlio Prestes, numa evidente demonstração de que a fraude não era monopólio das forças governistas. Por pressão desses inconformados radicais, jovens filhos progressistas da oligarquia – Osvaldo Aranha, Lindolfo Collor, João Neves da Fontoura, João Batista Luzardo, entre outros, iniciaram-se contatos e sondagens, com vistas a aquilatar as possibilidades de êxito de uma ação revolucionária que aliás aventara-se quando da formação da Aliança.
Peças chaves da conspiração nos meios aliancistas, tais como Getúlio Vargas, Borges de Medeiros e Antônio Carlos, estavam envoltas em nuvens de incertezas, contagiando negativamente os extremistas, que arrefeciam, porém três importantes e sucessivos acontecimentos vinham reacender a chama revolucionária dos radicais: a degola “não reconhecimento do mandato” dos deputados federais ligados a João Pessoa e Antônio Carlos pelo Congresso. O manifesto lançado em maio por Luís Carlos Prestes, em Buenos Aires, declarando sua integral adesão aos princípios marxista-leninistas e em 1 de junho o manifesto de Getúlio Vargas denunciando a fraude nas eleições de março.
Para culminar a guerra civil travada na cidade de Princesa no sertão paraibano, e subsequente assassinato de João Pessoa eliminaram todas as dúvidas dos próceres aliancistas. O sepultamento de João Pessoa, realizado no Rio de Janeiro, afrontou o governo e serviu como senha para a retomada das articulações dos revolucionários. A partir do assentimento de Borges de Medeiros, o movimento ganha os quartéis com a adesão de importantes chefes militares, os quais definem a data de 3 de outubro para desencadear da revolução.